Mais importante que publicar é fazer o livro ser lido e o empenho do autor
é fundamental. O que você acha desta questão?
Concordo com você: tão importante quanto publicar é a divulgação e a distribuição do livro, e esse é o grande desafio colocado para autores e editores. Não basta ter qualidade literária e publicar, é importante fazer o livro chegar ao leitor e é preciso que ele seja lido pelas pessoas. Houve um tempo em que era muito difícil a publicação de um livro, sobretudo de poesia. Foi mais ou menos na época em que eu comecei, na década de 1980. A única alternativa era o autor bancar os custos da edição e depois ficar com todos aqueles exemplares encalhados em casa por muitos e muitos anos. Hoje é um pouco diferente: com o advento e a popularização da Internet e agora também com as editoras por demanda, publicar já não é mais aquele bicho de sete cabeças. O difícil é o escoamento da produção e fazer com que o produto seja “consumido” pelo público leitor, numa palavra, o difícil é justamente esse público leitor e como chegar até ele. Confesso, sinceramente, que não sei como fazê-lo ou fazê-lo de uma forma eficiente. Sem dúvida nenhuma o caminho passa pelo investimento (inclusive financeiro) e marketing das editoras e também dos autores envolvidos. É uma coisa bastante complexa.
Talvez fosse melhor trabalhar mais a divulgação do “Escada” que entrar numa nova publicação agora, pois um lançamento seguido de outro seria talvez um pouco precipitado. O que você pensa desta sugestão?
Quanto à divulgação do meu livro “Escada”, fiz tudo conforme combinamos. Além do lançamento, enviei material para todos aqueles sites que você me indicou. Consegui divulgação, além da própria editora e da livraria Cultura, nos sites Palpitar, Portal Literal e n’O Bule Literário, com a publicação de poemas, resenhas e aquela entrevista que concedi. Dos 50 (cinquenta) exemplares editados, 36 (trinta e seis) foram vendidos e os 14 (quatorze) restantes creio que posso dar cabo deles nos próximos meses. É muito pouco, eu sei, quase nada mesmo, mas a “demanda inicial” foi atendida e não acho que seja necessário, neste momento, pensar numa segunda edição. Como eu disse, precisamos trabalhar primeiramente na criação e no aumento das demandas pelo produto livro. Uma das formas é tentar manter a visibilidade e a evidência do autor e dos seus livros, da maneira que for possível. Foi por isso que te enviei os originais de um outro livro, para que, com uma publicação continuada e em sequencia, se possa tentar criar e alimentar essa expectativa. Um autor que publica um livro e depois “some”, rapidamente será esquecido, mesmo que esse livro tenha qualidades de um bom livro. Essa é a lógica (perversa) do mercado, do consumo rápido e logo descartado ou substituído pelo mais recente.
Eu, no seu lugar, tentaria publicar textos em revistas, tentaria participação em eventos e saraus para divulgar o livro publicado...
Acredito que algumas portas foram abertas, por exemplo, fui convidado a participar (e estou participando) de uma coletânea de textos de diversos autores intitulada “A Arte de Morrer”, que será lançada no 1º Congresso Internacional de Educação e Espiritualidade, previsto para setembro. As suas ponderações estão corretas e agora te faço essas outras, para que pensemos juntos sobre qual seria o melhor caminho: manter a sequencia e o ritmo das publicações ou esgotar todos os meios de divulgação de um livro antes de se pensar no lançamento de outro. Fica a minha dúvida. De qualquer forma tenho vários projetos prontos e estou tentando trabalhar em diversas frentes, tentando viabilizá-los.
Nota: Milton Rezende publicou em 2009, através da Editora Multifoco, seu livro de
poemas “Uma Escada que Deságua no Silêncio”.