“Milton Carlos Rezende estreia de forma brilhante com O Acaso das Manhãs. São poemas reflexivos de alto nível, nos quais o poeta investiga (com ironia) o cotidiano e os problemas do homem. Nessas reflexões (em que se incluem os poemas sobre o poema), o poeta jamais perde a consciência da precariedade da existência humana”.
“Em Areia (À Fragmentação da Pedra), o poeta Milton Carlos Rezende prossegue em seu estilo de uma forma contundente e reflexiva. São poemas que buscam resgatar, ao menos em parte, os estilhaços do ser e re/compor a unidade (aparente) da pedra. Mas o poeta sabe que a perfeita junção dos elementos nunca será possível, e apenas tenta torná-la plausível em meio seu ao deserto de areia”.
“Em Inventário de Sombras, o poeta Milton Rezende percorre um itinerário de perplexidade, sempre acompanhado de seus temas básicos como a solidão e a morte. Entretanto parece haver agora uma maior diversidade temática própria a um levantamento poético e existencial. São poemas que se situam no limite do equilíbrio, naquela região de fronteira onde se cruzam (e ao cruzarem se misturam nos poemas) a realidade, o enigma, a melancolia, o acaso e o fragmentário. Ao mesmo tempo em que se procura manter um nível de qualidade e lucidez em todas essas composições. A sombra do autor e as suas imagens simbólicas se projetam sobre todo o volume como uma camada densa, reflexiva e amargurada. Uma fotografia cujo negativo entremostra os contornos de um homem totalmente envolvido pelo espectro do seu inventário poético.“
“Agora o autor se mostra por extremos: uma parte deste livro é de poemas, digamos, antigos e a outra são os poemas mais recentes, escritos até o ano de 2006. Há casos em que ocorre um intervalo de vinte anos. Mas existe uma unidade no livro e essa unidade é o autor. Leia e comprove e faça essa viagem com ele, retornando à origem das coisas e vindo até próximo dos dias atuais. Mas não recue e nem avance muito. Se coloque no meio, no intervalo exato dessa poesia que tanto surpreende. E a vida será sempre um pouco diferente: para mais ou para menos, como se fosse uma estatística de sonhos e pesadelos intermitentes”.
”Milton Rezende é um poeta do desvelamento. Sua principal característica é enfrentar a objetividade ruidosa e dispersa das coisas, da rotina, do comum e arrancar um sentido novo. Em Uma Escada que Deságua no Silêncio, o objeto limado pelo autor é o território bruto e confuso da memória.
Dessa forma, o autor evoca o aprofundamento aos temas básicos da condição humana: a solidão, o amor e a morte. Embora recorrentes, é verdade, no caso de Uma Escada que Deságua no Silêncio não pecam pela banalização ou gratuidade sentimentalista; dialogam com emanações da memória de forma dialética e, por vezes, produzem impasses. Nessa batalha o autor atinge o limite possível da expressão poética encarnando densidade, conteúdo e tratamento estético conciso. ”
”Ao analisarmos a poesia de Milton Rezende percebemos que a sensibilidade e a simplicidade são as chaves que permitem penetrar no seu universo particular e único: um jeito diferente, especial e todo próprio de captar a realidade e devolvê-la depois na forma de uma interpretação bastante pessoal e diversa do senso comum, mas que complementa a realidade com um elemento novo que geralmente nos escapa em nossa percepção do cotidiano.
Não deve ser fácil a tarefa de estar o tempo todo se confrontando consigo mesmo diante de um espelho perverso que reflete a humanidade em seus momentos de grandeza e terrível desajuste de uma espécie fadada ao aniquilamento, tal como se percebe neste novo volume de poemas “O Jardim Simultâneo”.”
“1986 – 2016: trinta anos da poesia andarilha de Milton Rezende. Um marco e ao mesmo tempo um desafio. Como seguir adiante sob o peso destes dez livros publicados? Uma vida se transcorreu nesse intervalo debaixo da chuva ou em dias de sol mas, na verdade, ao pé da letra, não se saiu muito do lugar de onde se começou a andar, em círculos concêntricos de perplexidade. A literatura é cíclica e ainda hoje nos convida a seguir as mesmas trilhas com as questões que nos motivaram. O negócio é seguir caminhando, andarilho sem causa, à beira do caminho, no meio dos atalhos de pedra e de sonhos.“
“Milton Rezende, 44, ervalense, depois de muito pesquisar e após dois anos de trabalho ininterrupto concluiu e agora publica o 1º livro sobre a história de Ervália, município situado na Zona da Mata Mineira.
Trata-se de um ensaio histórico/literário amplamente ilustrado com fotos, quadros, desenhos, mapas, croquis e que, ao longo de suas 300 páginas, traça um painel abrangente (ainda que introdutório) de sua terra natal desde os seus primórdios, no século XVII até os dias atuais.
O livro, que traz a apresentação do poeta e tradutor Ivo Barroso, também filho da terra, conta ainda com o patrocínio da prefeitura local e de duas empresas sediadas em Santa Catarina – SC e pertencentes aos irmãos, Gilmar e José Élson, eles também ervalenses de nascimento e coração.
O autor já publicou quatro livros de poemas: O Acaso das Manhãs, Areia (À Fragmentação da Pedra), Inventário de Sombras e A Sentinela em Fuga e Outras Ausências e esta é a sua primeira incursão pela prosa.
A presente obra encontra-se dividida em capítulos, anexos, iconografia, apêndice e faz referências ao folclore local e seus personagens inesquecíveis. Mescla passado e presente e tenta projetar o futuro, numa permanente busca de uma síntese meio que impossível, mas que é continuamente tentada pelos homens.
Neste livro encontra-se ainda uma pequena antologia de poemas sobre Ervália e escritos por autores ervalenses de diferentes épocas e estilos. Há também letras de música e o vento que sopra do Monumento ao Santo Cristo, numa coreografia de coqueiros.“
Milton Rezende é um poeta do desvelamento. Sua principal característica é enfrentar a objetividade ruidosa e dispersa das coisas, da rotina e arrancar do cotidiano um sentido novo, uma nova medida.
O autor adota uma postura reflexiva diante do mundo, do aparentemente comum misturado à condição humana. Desta forma evoca o aprofundamento aos temas básicos como a solidão, o amor e a morte.
“O autor deste livro realizou, a meu ver, uma curiosa e estranha síntese da inteligência e do obscurantismo. Foi a impressão que me ficou e veio de chofre. Admirei a inteligência e, ao mesmo tempo, o obscurantismo na elaboração do tema que às vezes resvala para o pitoresco, o macabro e as significações ocultas. É um assunto interessante, sem dúvida, mas cheio de dificuldades e armadilhas para o pesquisador mais afoito. No entanto, o autor – não sendo um professor, teórico ou acadêmico – consegue a proeza de contornar os obstáculos com a maestria de um poeta.
Por que escrever sobre a morte, os cemitérios e as suas paisagens desoladas de cruzes e sepulturas? Simplesmente porque alguém tem que fazê-lo. E há, naturalmente, toda a magia e um grande mistério envolvendo o assunto. Não dá mesmo para fugir dele, contornar, fingir que não existe. Acontece todos os dias e com todas as pessoas: a realidade e a presença da morte estão sempre aí, desafiando os nossos medos e a nossa compreensão da vida.
E há também a arte tumular, secular maneira de prestar homenagem aos entes queridos que se foram. De onde vem isso? O livro tenta responder a questão e, para tanto, procura diversas abordagens possíveis num elenco de inesgotáveis possibilidades: cultural, artística, histórica, psicológica, sociológica, antropológica, religiosa, filosófica e existencial. Há de tudo aqui, numa mistura multidisciplinar de permanente diálogo entre as vertentes do pensamento. “
“Trata-se de notas e apontamentos, sequenciados no tempo e no espaço, numa prosa de ficção ou prosa poética em que o autor se revela nas ascensões e quedas cotidianas, próprias ao ser humano quando este se encontra imerso num caos emocional onde tudo se dissolve e mistura.
Aqui não se encontra um enredo definido ou, dito de outra forma, o enredo é a própria vida do narrador que vai se delineando, se desdobrando e sofrendo as inflexões específicas e contraditórias da sua sensibilidade.“
Eu achava que gostava de nadar, mas nunca aprendi e sempre afogava. Desisti. Passei a interessar-me por pescaria e ainda hoje, de vez em quando, gosto de pescar. Mas não sou bom pescador e não tenho nenhuma história pra contar, nem que seja de mentira. Resolvi então andar a cavalo e levei alguns tombos. Mudei de fase. Comecei a soltar pipas e papagaios e estou nessa até hoje, escrevendo e publicando livros presos a uma linha de barbante. Houve um tempo em que eu me imaginava compositor e não um poeta. Misturei tudo e acabei não sendo uma coisa nem outra, embora continue escrevendo. Ganhei um violão e com ele pensava conquistar o mundo, como tinham feito os Beatles, mas não passei dos primeiros acordes. Sempre fui e continuo sendo um idealista, embora tenha perdido todas as certezas ao longo do caminho. Reconheço que somos movidos a paixões, mas Sartre já advertia “que não é tarefa fácil amar alguém. É preciso ter uma energia, uma curiosidade, uma cegueira... há até um momento, bem no início, em que é preciso saltar por cima de um precipício: se refletimos, não o fazemos”. E ele conclui dizendo que nunca mais saltaria. Compete a nós a decisão e a escolha sobre todos esses pulos no escuro da vida. Em qualquer caso, resta-nos sempre a literatura.
A ideia deste livro veio de uma derivação. Eu já tinha pronto e no prelo, para sair, a minha “Antologia Poética”. Acontece que era um projeto maior, que cobria grande parte da minha produção poética ao longo destes exatos 36 anos de estrada literária.
Então tornou-se inviável economicamente, no curto prazo. Nesse ínterim surgiu a possibilidade da inscrição em Ervália, MG, minha terra natal, numa iniciativa cultural no âmbito da Lei Aldir Blanc.
Remodelei meu projeto, enxuguei-o ao máximo para se enquadrar aos valores e parâmetros estabelecidos pela Lei e o inscrevi ao certame. Foi escolhido e agora ele é este livro que você tem nas suas mãos.
Acolha-o, como se acolhe um protótipo de algo maior, mas que, no entanto, pode ter a certeza de que ele é autônomo e traz todas as características específicas a si mesmo e nada fica a desejar ao corpo maior de onde foi extraído.
Se lhe achares qualidades serão as qualidades da “Antologia Poética". Se lhe achares defeitos serão os mesmos da obra-mãe. Como se num filho você já encontrasse todas as qualidades e defeitos dos seus pais. O pedigree é o mesmo e o cavaco não voa longe da tora de madeira.
Então, convido-o a pegar sua machadinha e comece a escalavrar. Talvez encontre elementos interessantes que valha a pena seu mínimo esforço de tentar. Espero que sim e então já terá valido a pena, meus conterrâneos desta cidade utópica, onde amamos nos dissolver e encontrar aquele menino franzino
da nossa infância perdida. Se algum dia crescermos aí poderemos talvez alçar voos maiores, numa “Antologia Poética” ou mesmo numa “Obra Completa” A literatura estará sempre à nossa espera.
Finalmente a ideia de se organizar uma “Antologia Poética” do poeta ervalense Milton Rezende. Foram 7 livros de poesia publicados no intervalo que vai de 1986 a 2017. Portanto mais de 30 anos de estrada literária. Aqui, neste volume, estão reunidos 184 poemas bastante expressivos e representativos do seu itinerário poético e escolhidos dentre todos os seus livros publicados. Tendo, inclusive, quatro poemas inéditos do livro igualmente inédito “Da Essencialidade da Água”.
O critério escolhido para a seleção dos poemas foi o de usar como base o livro “Tempo de Poesia: Intertextualidade, Heteronímia e Inventário Poético em Milton Rezende”, de Maria José Rezende Campos que disserta sobre a obra do autor e também em outras fontes e meios literários no Brasil e alguns até no exterior que divulgaram seus trabalhos poéticos. Portanto são poemas que já passaram pelo crivo e pelas análises de outras pessoas, além do próprio autor.
Num universo total que gira em torno de uns 410 poemas, esta coletânea apresenta mais da metade de tudo que o poeta escreveu ao longo destas três décadas, portanto um painel bastante representativo onde o leitor poderá encontrar uma amostra consistente do que representa o legado deste escritor que é tido como uma espécie de celebridade rural, quase desconhecida e escondido nas montanhas de Minas Gerais, mas “de grande influência no cerco artístico-literário da Zona da Mata Mineira na década de 1980, de onde, com certeza, é um dos principais nomes da Literatura Contemporânea”(F.A.)
Trata-se de uma coletânea de diversos poemas que giram todos em torno dos cemitérios e seus mistérios. Daí seu caráter um tanto mórbido e ao mesmo tempo com um fator filosófico que permeia toda a escrita do autor Milton Rezende.
Para quem aprecia uma literatura meio clássica e meio gótica encoberta por um pano de fundo paranormal e sobrenatural, com seus rituais sombrios: assombrações, suicídios, necrofilia e loucuras do além túmulo, donde se pode perguntar: o que acontece em um cemitério? Como numa procissão macabra de pessoas e seres que entravam e saiam deste cemitério, vagando e perambulando em meio a podridão num ambiente lúgubre, cinzento e melancólico.
O autor desenvolve o tema numa linguagem enxuta, às vezes rebuscada, mas direta e podíamos até dizer um tanto clássica, apesar de ser intensa e sutil ao mesmo tempo que nos remete a autores como Augusto dos Anjos, Edgar Alan Poe e Lovecraft.
Saltando as grades deste cemitério podemos observar pessoas bêbadas, perdidas, extraviadas de si mesmas e que buscam como numa mágica desvendar os mistérios neste ambiente onde o hálito da morte com seus cheiros nauseabundos transmitem uma energia singular.
Neste ambiente escuro e chuvoso, triste e melancólico torna-se crucial, como num paradoxo de existir, onde ainda podemos encontrar flores, coqueiros e ninhos de pássaros agourentos ou não.
Finalmente a ideia de se organizar uma “Antologia Poética” do poeta ervalense Milton Rezende. Foram 7 livros de poesia publicados no intervalo que vai de 1986 a 2017. Portanto mais de 30 anos de estrada literária. Aqui, neste volume, estão reunidos 183 poemas bastante expressivos e representativos do seu itinerário poético e escolhidos dentre todos os seus livros publicados. Tendo, inclusive, quatro poemas inéditos do livro igualmente inédito “Da Essencialidade da Água”.
O critério escolhido para a seleção dos poemas foi o de usar como base o livro “Tempo de Poesia: Intertextualidade, Heteronímia e Inventário Poético em Milton Rezende”, de Maria José Rezende Campos que disserta sobre a obra do autor e também em outras fontes e meios literários no Brasil e alguns até no exterior que divulgaram seus trabalhos poéticos. Portanto são poemas que já passaram pelo crivo e pelas análises de outras pessoas, além do próprio autor.
Num universo total que gira em torno de uns 410 poemas, esta coletânea apresenta quase a metade de tudo que o poeta escreveu ao longo destas três décadas, portanto um painel bastante representativo onde o leitor poderá encontrar uma amostra consistente do que representa o legado deste escritor que é tido como uma espécie de celebridade rural, quase desconhecida e escondido nas montanhas de Minas Gerais, mas “de grande influência no cerco artístico-literário da Zona da Mata Mineira na década de 1980, de onde, com certeza, é um dos principais nomes da Literatura Contemporânea”(F.A.)
““Textos e Ensaios” tendo como apêndice “Pensamentos de Juventude” são, como o próprio nome diz, textos, ensaios e pensamentos escritos entre os anos de 1979 a 2011, na juventude e na vida adulta do autor e publicados em formato livro no ano de 2012, através da Editora Multifoco.
Antes, em sua grande maioria, eles já haviam sido publicados em jornais, revistas, blogs e sites de literatura pelo Brasil afora, adentrando mundos na treva espessa.
Há uma certa temporalidade e urgência nestes escritos, mas as datas soam como referências e não chegam a ser datadas no sentido de perderem a validade argumentativa do debate.
São questões que indagamos sempre mesmo que não se tenha explicações ou definições plausíveis. Na pior das hipóteses são exercícios feitos em prosa no meio do vazio e do sem-sentido da existência humana. A lua escura sabe.“